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Dia do Estudante

Da graduação à pós: Gestão de Pessoas nas pesquisas de duas estudantes da UFT

Por Gihane Scaravonatti | Publicado: Sexta, 11 de Agosto de 2023, 22h24 | Última atualização em Quinta, 16 de Novembro de 2023, 13h14

Pesquisas em países diversos indicam que, no pós Covid, o mundo do trabalho mudou. Mas, mudou como: pra pior ou melhor? Certo é que as discussões sobre novos modelos de trabalho e, sobretudo, nossas (novas) formas de (re)agir - ou, por vezes, padecer - diante dele parecem seguir “pipocando” nos estudos científicos e, a partir desses, nas notícias que lemos no dia a dia.

Trabalho remoto, trabalho híbrido, teletrabalho, reunião virtual, novas tecnologias no trabalho, profissões digitais, burnout, esgotamento, ansiedade, demissão silenciosa, encontrar propósito, transição de carreira, equilíbrio entre pessoal e profissional… Ufa! O glossário do mundo do trabalho parece não ter fim: está se avolumando e renovando ligeiro - reflexo do que estamos sentindo e vivenciando na prática laborativa atual.

Mas, e os gestores: como será que estão respondendo a estas mudanças? Estão sabendo lidar com a nova realidade em seus setores, órgãos, institutos, empresas? Estão dedicados a investigar e dar respostas coerentes aos novos perfis de seus profissionais e equipes? Será que estão, por exemplo, ao menos mais sensíveis e atentos às demandas de bem-estar e saúde mental dos trabalhadores?

Ok, sabemos: hoje é sexta-feira e, para a maioria de nós, a última coisa que queremos ouvir é sobre trabalho. Mas, hoje (11), também é o Dia do Estudante! Para a data, trouxemos duas estudantes pesquisadoras da UFT que merecem ser lidas, pela dedicação com que investigam novos modelos em Gestão de Pessoas - assunto que, qual seja o dia da semana, nos impacta de uma forma ou outra, não é mesmo?

Pesquisa na Graduação

Egressa do curso de Administração da UFT, Ana Paula Moura Caetano desenvolveu, em 2022, para seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), uma pesquisa relacionada às mudanças no trabalho focada nos gestores, em como a Gestão de Pessoas vem se “remodelando” a partir das modificações aceleradas pela pandemia da Covid.

A investigação teve início ainda em 2021, quando a professora pesquisadora Sandra Alberta Ferreira já vinha orientando outra aluna de Administração na temática das reformulações da Gestão na pandemia. Sandra, que é doutora em Administração de Empresas, também leciona no MBA em Gestão de Pessoas da UFT

"Em 2020, com a pandemia no ápice, as organizações se depararam com a questão do trabalho remoto - e assim foi feito, para muitas pessoas, por uma medida necessária de segurança", lembra Sandra. "A partir disso, muitas questões que já vinham como uma tendência - trabalho remoto, híbrido, digitalização dos processos de trabalho e outros -, se tornaram efetivas", ressalta. "Quando voltamos às aulas, naquele contexto, eu retomei também as orientações de TCC e propus a uma aluna, a Mayara Miranda, estudarmos as reformulações da Gestão de Pessoas com a pandemia. Posteriormente, com a aluna Ana Paula, demos continuidade à pesquisa da temática, mas, não mais tratando das reformulações e, sim, do que está por vir no pós-pandemia", explica a pesquisadora da UFT.

 

“À época" conta Ana Paula, "eu já trabalhava com gestão e, então, pensei que pudesse ser enriquecedor fechar esse ciclo na Universidade pesquisando algo que me representasse”. “Foi aí que, por afinidade na área, procurei a professora Sandra para me orientar no TCC. Ela sugeriu darmos continuidade à pesquisa da Mayara, mas apresentando o devir da Gestão de Pessoas, no pós Covid”, conta.

A jovem pesquisadora, no entanto, deparou-se com a escassez de bibliografia científica sobre o tema. “Encontrei menos de 20 artigos sobre o tema. Era um assunto ainda pouco explorado no meio científico e eu estava disposta a compreender esse novo cenário de trabalho, em que a Gestão de Pessoas precisou se reinventar’, afirma Ana Paula.

Percurso

Para realizar a pesquisa, Ana Paula Caetano assistiu a dezenas de webinários de dois canais pioneiros na temática no Brasil: Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH- Brasil) e RH pra Você.

A partir da audição dos vídeos, conta ela, conseguiu identificar conteúdos que separou em três categorias de assuntos, envolvendo mudanças na gestão de pessoas, desafios enfrentados por gestores e, por fim, o devir da Gestão de Pessoas, após a pandemia - ponto norteador do trabalho.

Os principais ‘devires’ em Gestão de Pessoas, que identifiquei a partir dos webinários, foram o trabalho remoto e híbrido, que continua a crescer em grandes e médias empresas; a transformação digital, que veio para ficar; as ações de saúde mental e bem-estar dos colaboradores; benefícios flexíveis; liderança humanizada, preocupação dos gestores em conhecer melhor suas equipes; a diversidade e inclusão, pois times mais diversos nas organizações conseguem resultados extraordinários; e a dedicação à gestão da cultura organizacional”, detalha ela.

Quer saber mais detalhes e conclusões da pesquisa realizada por Ana Paula Caetano? Acesse o trabalho completo AQUI

 
Da Graduação para a Pós

Pela atualidade e relevância do tema, a professora Sandra Alberta propôs às duas orientandas de graduação que elaborassem, com ela, um artigo para o evento anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (Anpad). O trabalho foi aprovado para apresentação no Encontro Nacional e posterior publicação na página da Anpad.

O artigo “O devir da gestão de pessoas no pós pandemia da Covid-19” será apresentado pela Profa. Dr. Sandra Alberta no XLVII Encontro da ANPAD – EnANPAD 2023, cujo tema, este ano, é “Rigor, relevância e impacto da pesquisa em Administração”. O Encontro ocorre em São Paulo, de 26 a 28 de setembro.

“Eu fiquei muito feliz em ter nosso artigo publicado pela Anpad. Espero que a pesquisa possa acrescentar, positivamente, tanto no cenário acadêmico nacional como na qualificação acadêmica e profissional dos participantes”, destaca Ana Paula.

"Trata-se de um dos maiores eventos em Administração na pós-graduação, muito conceituado e com a participação de pessoas renomadas na nossa área", afirma Sandra. "É uma grande satisfação ter este artigo aprovado com as duas alunas que foram orientadas, um trabalho de pesquisa iniciado ainda na graduação", frisa. 

Pesquisa na Pós-Graduação

No mestrado profissional em Administração Pública ofertado na UFT, o Profiap, as questões relacionadas à gestão de pessoas, sobretudo na perspectiva da gerência estratégica no setor público, também vêm sendo investigadas por alunos e alunas do Curso.

O Programa, que é ofertado nacionalmente, em rede, e coordenado pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), capacita profissionais para a administração pública, buscando especialmente aumentar a eficiência das instituições. Para ingressar no programa, um dos critérios é a aprovação no Teste ANPAD, o exame de proficiência aplicado, desde 1987, pela Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração.

A mestranda Alana Caminha e seu orientador Prof. Dr. Cleiton Milagres (Foto: Alana Caminha/arquivo pessoal)Alana Alves Caminha é administradora de formação, atuando na UFT desde 2018. “Sempre trabalhei com gestão de pessoas no setor público, ainda em órgãos anteriores onde estive. Esse tema me desperta muito interesse desde a época da faculdade de Administração que, inclusive, cursei na UFT”, conta ela.

Gerindo pessoas no público

Atualmente, Alana está lotada na Pró-Reitoria de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas (Progedep) e é mestranda do Profiap, desde 2022. “É um Programa que tem a proposta de ser aplicado no nosso ambiente profissional. Então, para mim, nada mais justo que desenvolver a pesquisa no âmbito da Gestão de Pessoas da UFT”, explica, sobre seu trabalho investigativo em curso. Ela ainda conta que seu interesse pelo tema se deu por perceber, trabalhando na área, um esforço estatal - desde federal a local - para a profissionalização da Gestão de Pessoas nas Instituições Federais de Ensino (IES), em que está inclusa a UFT.

Sob a orientação do professor pesquisador Cleiton Silva Ferreira Milagres, que é doutor em Desenvolvimento Regional, a pesquisa de Alana deve realizar um diagnóstico profissional na área, considerando cinco perspectivas na UFT: diretrizes, estrutura, sistema social, autonomia e governança. “Dentro de cada perspectiva, iremos investigar questões essenciais para um modelo de Gestão Estratégica de Pessoas no setor público”, afirma a mestranda.

A gestão estratégica, esclarece Alana, busca o desenvolvimento das pessoas para o alcance dos objetivos organizacionais, sem deixar de se considerar, no entanto, os objetivos pessoais dos servidores. “É aí que se encontra o desafio!”, frisa. “Muitas vezes, esses objetivos entram em choque. O meu tema de pesquisa investiga, por meio do diagnóstico organizacional, quais os principais problemas e potencialidades do modelo de gestão de pessoas praticado na UFT, considerando todas essas questões”, esclarece.

Gestão e o bem-estar

Mas, esta gestão estratégica - seja no setor público ou privado - seria, de fato, mais voltada para o bem-estar das pessoas, dos colaboradores, servidores? Será que há mesmo uma mudança efetiva, nesse sentido, motivada pela pandemia?

"Sim, há", responde a pesquisadora. "Este é um movimento que se iniciou antes da pandemia, porém se intensificou no período pandêmico pois, apenas a partir da crise ocasionada nesse período, as organizações perceberam que o capital mais importante que elas podem dispor é o humano. É por meio das pessoas que tudo se realiza: no contexto público, então, essa percepção cresceu", acrescenta.

Para Cleiton Milagres, "a pandemia foi um marco para as organizações brasileiras, no sentido de colocar em evidência o papel da gestão de pessoas, e isso não foi diferente no setor público", afirma.

"O tema da qualidade de vida no trabalho e do bem-estar dos servidores não é algo novo", destaca Cleiton. "Sempre esteve na pauta das organizações, inclusive no campo das públicas, ainda que, muitas vezes, tratada com superficialidade, sem o devido olhar estratégico. Com a pandemia, foram inúmeras as transformações no ambiente do trabalho: as organizações brasileiras colocaram em evidência a 'área de gente', de gestão com pessoas", explica o professor e pesquisador da UFT. 

Sobre o cenário técnico e acadêmico nas universidades, no pós-pandemia, Cleiton frisa especialmente a necessidade de atenção, no âmbito geral da gestão: "voltamos para o formato convencional e esquecemos que o ritmo desse processo se transformou, tanto para o professor, quanto para o técnico, para o gestor e para os alunos". 

Nesse retorno, explica Cleiton - e pontuando, em específico, sobre a gestão de pessoas -, os servidores se sentiram desmotivados pelo uso massivo das telas, o exagero de reuniões na modalidade on-line, dificuldades com a infraestrutura ofertada para o trabalho remoto, entre outros. 

"Precisamos do olhar estratégico da Gestão com as pessoas da nossa instituição, para dar o apoio e nos ajudar a compreender quem são os nossos servidores, para que não venha o dano existencial, a perda de funcionalidade e, consequentemente, o desgaste com a saúde mental", reforça Cleiton. "Essa não é uma realidade exclusiva do meio universitário, vemos inúmeras empresas privadas com pessoas que se mostraram super engajadas com o ritmo on-line, mas que, com o passar do tempo, viram esse ritmo de trabalho aumentar ainda mais a carga de trabalho devido à dificuldade de separar o tempo de trabalho do tempo pessoal. Isso gera o esgotamento físico e mental do indivíduo no ambiente de trabalho, por um estresse que não foi gerenciado", alerta.

Falando nisso...

Sobre os dados da pesquisa de mestrado da Alana, sob orientação do professor Cleiton, ainda levaremos um tempinho para conhecer os resultados de como está a gestão de pessoas na UFT - Ciência tem dessas, exige tempo!  Mas, para você que é técnico ou professor da Instituição, como será que anda o clima de trabalho por aqui, hein? 

A Progedep lançou uma pesquisa, entre os servidores, para sabermos mais sobre o clima organizacional na Instituição - principalmente no pós-pandemia e com a implementação do teletrabalho. Questões sobre nosso relacionamento com colegas e chefias, bem-estar, desenvolvimento, instalações de trabalho que nos são ofertadas precisam ser levantadas pela Pró-Reitoria para a elaboração de estratégias de aprimoramento na Gestão.

Não deixe de participar, de buscar um ambiente melhor de trabalho para todos nós, servidores da UFT: clique AQUI e responda ao questionário, até 30 de agosto

Sobre a Sexta com Ciência

Sexta com Ciência é uma seção especial de divulgação científica da UFT, numa parceria entre a Propesq e a Sucom.Sexta com Ciência é uma seção especial de divulgação científica, para você que quer conhecer mais sobre os trabalhos que vêm sendo desenvolvidos pelos pesquisadores da UFT, nas mais diversas áreas do conhecimento. Acesse todas as matérias AQUI!

Esta seção semanal é uma iniciativa da Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação (Propesq) com a Superintendência de Comunicação (Sucom), em prol da disseminação e popularização da Ciência.

Fique ligado: toda sexta-feira - no portal e redes sociais da UFT - é dia de Sexta com Ciência!

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