Alunas de Jornalismo representam UFT com sete produções
Em tempos de pandemia e quarentena que se arrastam, no Brasil, desde março, muitos eventos importantes para a área da Comunicação foram readequados aos novos possíveis. Um deles é a substituição dos cinco congressos regionais da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) pelo Encontro Inter-regiões Intercom. Tradicionalmente, as edições regionais acontecem nos meses de maio e junho e premiam os melhores trabalhos que seguem para a competição no Prêmio Expocom Nacional, realizado, neste ano, entre os dias 1º e 10 de dezembro, durante o Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. O Prêmio Expocom (Exposição de Pesquisa e Produção Experimental em Comunicação) tem o intento de valorizar os trabalhos produzidos por estudantes de graduações relacionadas à área da Comunicação.
A organização explica que, devido à COVID-19, o novo evento será adaptado para as condições tecnológicas disponíveis, feito de uma forma simples, sem a intenção de transferir, para as plataformas digitais, toda a programação pensada para os encontros presenciais. De acordo com o site da Intercom, a ideia é promover “um momento e um espaço de união, integração, empatia e solidariedade”. As atividades acontecem durante o mês de outubro, conforme tabela abaixo:
Jornalismo – UFT
Para representar a Universidade Federal do Tocantins, três professores do curso de Jornalismo, Marluce Zacariotti, Sérgio Soares e Thays Assunção, formaram a Comissão Local de Seleção do Expocom, com o objetivo de analisar tanto os projetos experimentais como também os outros trabalhos do curso, para garantir que houvessem mais inscritos em mais categorias. A professora Marluce explicou que o “esforço todo foi na tentativa, dentre as categorias, de encaixar, o máximo possível, os trabalhos dos nossos alunos e alunas, e estamos muito confiantes porque realmente nós temos trabalhos muito bons. Esperamos que dê tudo certo para celebrar o esforço de nossos professores, dos nossos alunos, de todo o curso, num trabalho de qualidade e de dedicação também. Já estamos pensando na manutenção dessa forma de avaliação porque foi bem interessante, a gente instigou as pessoas a participarem. Espero eu que, nos próximos anos, a gente continue aumentando cada vez mais a participação”, relatou.
De acordo com a professora Thays, os membros da Comissão realizaram uma avaliação dos trabalhos inscritos com base no experimentalismo do produto, qualidade técnica, relevância social/cultural do tema abordado no trabalho, consistência teórica e coerência do conteúdo inserido no relatório com o respectivo produto. Os trabalhos que obtiveram a maior nota foram escolhidos para representarem a modalidade. Para a categoria de Jornalismo, que possui 16 modalidades, foram enviados trabalhos para seis delas; e, para a categoria “Rádio, Tv e Internet”, um trabalho foi inscrito em uma das oito modalidades existentes, como pode ser conferido a seguir:
A coordenadora do curso de Jornalismo, Valquíria Guimarães, acredita que esse êxito se deve à qualidade das produções e ao formato online do evento, que facilitou tanto o pagamento de inscrição como a participação das alunas. “Um dos grandes gargalos do Expocom, no modo tradicional, é que só podemos indicar trabalhos se o aluno se comprometer a ir, caso ele não esteja no evento, o trabalho é automaticamente desclassificado. Não é nem julgado”, explicou.
Cultura local em vídeo
Um dos trabalhos selecionados pela comissão de professores é o da Jéssica Rosanne, que criou, desenvolveu e finalizou o documentário “Celebrando a fé”, sob orientação do professor Carlos Franco para o trabalho de conclusão de curso. Jéssica explica que a sua produção é um projeto experimental que fala sobre a festa de Nossa Senhora do Rosário, realizada todos os anos, no mês de outubro, no município de Monte do Carmo (TO). “É uma obra que retrata a cultura trazida do período colonial pelos portugueses e africanos e ressignificada e celebrada com muito fervor, reverência e fé pela comunidade carmelitana até os dias atuais”, relata.
Jéssica é natural de Monte do Carmo e, desde que ingressou no curso de Jornalismo, nutria a vontade de produzir algo sobre a cultura da cidade. A partir do contato com a teoria da folkcomunicação e o jornalismo cultural, percebeu que a festa de Nossa Senhora do Rosário é “uma tradição regada de saberes, fazeres, muito trabalho, devoção e fé. Neste sentido, estudar e participar da festa de Nossa Senhora do Rosário representou uma oportunidade de tentar estabelecer vínculos com minha origem carmelitana. E, ao mesmo tempo, busquei compreender a história e a religiosidade presentes nesse festejo, como também passei a entender e a me conectar com a importância desta manifestação cultural”, conta Jéssica.
Para a futura jornalista, o documentário contribui na preservação histórica da cultura dos festejos de Nossa Senhora do Rosário do município de Monte do Carmo. Ela explica que a cidade surgiu do ciclo do ouro, no século XVIII, e se trata de uma região com manifestações culturais relacionadas ao patrimônio imaterial do Tocantins, como festas, folias, danças folclóricas, romarias, entre outras.
Avaliação e Premiação
De acordo com a organização, o Expocom foi mantido, mesmo durante a pandemia, porque trabalhos desenvolvidos em 2019 só podem concorrer em 2020. Para isso, a mostra competitiva continua com os mesmos processos de submissão e avaliação e, como nos anos anteriores, os ganhadores de cada modalidade/categoria serão finalistas do Expocom Nacional e voltarão a apresentar os trabalhos. A diferença nessa versão digital ocorrerá a partir da divulgação dos finalistas, chamados líderes. É o que explica o site da Intercom:
“O sistema, para esses alunos líderes, abrirá uma nova caixa. Nesse espaço, o estudante deverá postar o link para um vídeo da apresentação do trabalho (com duração de 5 a 8 minutos). Todos os inscritos no Encontro Inter-Regiões Intercom, a partir da sua área privada, poderão acessar as “salas virtuais do Expocom”. Para cada modalidade/categoria será montada uma, em que serão armazenados os cinco trabalhos finalistas – paper, produtos e apresentação. As Festas de Premiação do Expocom, abertas ao público em geral, serão transmitidas pelas redes sociais da Intercom e dos parceiros locais. Os ganhadores receberão, depois da divulgação do resultado, seus troféus em casa, pelos Correios ou transportadora.”
Em 2018, o livro-reportagem da hoje jornalista Lauane dos Santos foi o trabalho que representou o curso na regional norte da Intercom e saiu de lá vitorioso. Intitulado “Banca exposta”, a obra retrata o cotidiano dos feirantes em Palmas e se tornou a realização de um sonho antigo de Lauane: escrever um livro. Ela mesmo quem escreveu, entrevistou, fotografou, diagramou e finalizou o livro. Em entrevista à jornalista Luana Nunes, Lauane contou que o resultado final a deixou muito orgulhosa de si e trouxe uma sensação de vitória também. “Toda a produção me ajudou demais a finalizar minha formação com chave de ouro”, exaltou.
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