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Porto Nacional

Tese de professora da UFT mapeia os falares presentes no Tocantins

Por Vinicius Venâncio | Supervisão: Samuel Lima | Publicado: Sexta, 18 de Janeiro de 2019, 11h51 | Última atualização em Sexta, 18 de Janeiro de 2019, 17h26

Já pensou na enorme variedade de dialetos existentes no Brasil? De norte a Sul do País a variedade linguística é extensa e ilustra a diversidade cultural do País. No Tocantins não é diferente e o "Atlas Linguístico Topodinâmico e Topoestático do Estado do Tocantins", o ALiTTETO, traz um mapeamento dialetal desses falares em 12 cidades do Estado.

O levantamento, tema da tese de doutorado da professora Greize Alves da Silva, do Câmpus de Porto Nacional, foi defendida recentemente na Universidade Estadual de Londrina (UEL), e teve como objetivo mapear os falares do Tocantins, além de verificar se havia interinfluência entre os grupos locais e os migrantes, dispondo essa variação em mapas linguísticos.

Mapeamento

Após análises, os resultados obtidos demonstram que o Tocantins pode ser dividido em dois subfalares: um na área considerada como "Tocantins Antigo" e outro na área do "Tocantins Contemporâneo". A primeira contempla o Sudeste, região mais antiga do território, onde estão localizadas as cidades de Natividade, Paranã, entre outras, expandindo-se para Porto Nacional, Palmas e Mateiros. Predominam nesse espaço semelhanças dialetais com o Nordeste brasileiro e tendência a um vocabulário mais rural.

A outra área é a que a pesquisadora classificou como Contemporânea. Reúne as demais cidades pesquisadas, situadas nas partes Sudoeste, Centro e Norte do Estado. São de colonização mais recente e contêm assimilação com diferentes regiões (Norte, Nordeste e Centro-Oeste), a depender dos dados. Segundo ela, possivelmente influenciadas pela maior proximidade com a rodovia BR-153, que corta a região e liga a região a outros estados.

Diferenças com Goiás

Outro ponto analisado pelo levantamento é a diferença dialetal do Tocantins - antigo Norte Goiano - com o Estado do Goiás. "Creio que o próprio movimento do espaço mais a norte de Goiás, atual Tocantins, tenha levado à essa ruptura em termos linguísticos", apontou Silva. "O norte de Goiás sempre buscou sua emancipação política e por isso estabeleceu laços mais forte com as Regiões Norte e Nordeste e se distanciou de Goiás. Isso é refletivo nos nomes de comidas, de frutas, de animais.

Um aspecto curioso levantado na pesquisa é quanto à variação do "R". Entre cinco estados da região norte pesquisados, o Tocantins, segundo a tese, é o estado onde se registra maior número de variantes da pronúncia da letra - cinco, no total.

A flor da bananeira, em exemplos da pesquisa, recebe pelo menos outras oito designações diferentes nas regiões tocantinenses - mangará, umbigo, coração, buzo, fio, pendão, figa e olho. O mesmo ocorre com diversas outras frutas e objetos do cotidiano típico da região como o recipiente (ou conjunto de recipientes) de fibra natural que é colocada sobre os animais de carga, e que no Tocantins recebe nomes como jacá, balaio, cesta/cesto, cofo, caçuá, capanga/bolsa/embornal, pacará, alforje, garajau, cocho, chocononto e arupemba. A variante de couro desse utensílio também recebe diversas designações (veja imagem ao final). A mesma variabilidade ocorre com situações e também para nominar animais no Tocantins.

Veios dialetais

Greize explica que o “trabalho fornece a macrovisão dos veios dialetais do Estado do Tocantins, assim como a evidenciação das nuances e das trocas linguísticas entre informantes”, e espera que o Atlas contribua para o “aprofundamento de pesquisas, além das questões pertinentes ao português falado no Tocantins”. Além disso, há aproximadamente 28 mil dados coletados e que ainda servirão para muitos outros estudos correlacionados.

Confira, abaixo, exemplos com um objeto e um animal encontrados no Tocantins e como são denominados nas diversas regiões pesquisadas:

Acesse a íntegra da tese, no repositório da UEL (clique aqui)

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