Judô na UFT: projeto social integra programa de extensão da Universidade
Máxima eficiência das energias mental e física. Prosperidade mútua. Aperfeiçoamento pessoal para o benefício da humanidade. Foi ancorado nestes princípios que o sensei Jigoro Kano, pai da educação física japonesa, criou o judô, em 1882.
Como método educacional derivado das artes marciais, o judô se tornou um esporte olímpico oficial em 1964. Além da prática esportiva, essa arte marcial também se apresenta como reflexo de seu arcabouço cultural: a estrutura hierárquica, a utilização da língua japonesa e os padrões tradicionais de saudação.
“O Judô é um sistema educacional inter-relacionado de três partes: Rentai-ho (desenvolvimento do corpo e do esporte); Shobu-ho (desenvolvimento da arte marcial e autodefesa); e Shushin-ho (desenvolvimento moral, ético e intelectual)”, explica Victor Kasuo, sensei responsável pelo Instituto Henko, sediado na UFT.
Dessa forma, em concordância com os objetivos da Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Comunitários (Proex), através do programa de extensão UFT em Movimento, o caminho suave - forma como o judô também é conhecido -, é um canal para promoção de saúde, bem-estar e autoconhecimento.
“Nós mesmos prosperamos e outros também prosperam. Esse deve ser o nosso ideal para viver em sociedade” - Jigoro Kano
“O judô é aquilo que você busca nele. Enxergamos o judô através daquilo que desejamos. Se você quiser apenas treinar para ter um bom físico, ser um competidor ou para poder se defender, ele será isso”, comenta o Victor, que é faixa preta, 5° dan.
Por se tratar de uma arte marcial, cujas técnicas envolvem movimentos de diversas partes do corpo, além de alavancas, pressões e torções, o caminho suave permite que um indivíduo mais fraco possa vencer um oponente mais forte.
“O judô surgiu por meio do convite de um amigo. É uma arte marcial que me faz sentir bem, principalmente quando observo a técnica superando a força”, ressalta Luiz Eduardo Silva, aluno do Instituto Henko, que enxerga o caminho suave como uma ferramenta contra o sedentarismo, além de oportunidades de aprendizado.
“Nunca fui uma pessoa que curte exercícios. O maior benefício do judô, para mim, sem dúvidas, é que me permitiu cuidar melhor da minha saúde, me desestressa e me ajuda a relaxar. É impossível não dormir bem depois de um bom treino”, declara Luiz Eduardo.
Marcos Aguiar também é aluno do instituto e conheceu o judô assistindo às olimpíadas. Por ter sido criado em uma cidade onde a modalidade não era ofertada, o estudante de Engenharia Elétrica da UFT vislumbrou, no instituto, a oportunidade ideal para dar início aos treinos.
“Nunca tinha passado pela minha cabeça que praticaria judô, até descobrir as aulas na UFT. É uma atividade que me permite ampliar minhas capacidades motoras e físicas em geral. É um esporte que ensina habilidades que, hoje, acho que todos deveriam saber: cair de modo seguro, por exemplo”, afirma Marcos.
O caminho suave também é uma ferramenta capaz de combater o bullying. De acordo com o sensei Victor Kasuo, que começou a treinar porque sofria bullying na escola e queria saber se defender, os treinos lhe trouxeram autoconfiança. “Naturalmente, o bullying diminuiu. Após 23 anos de judô, posso resumi-lo em uma praxe mais singela da vida, sublimando com acuidade e vivacidade, momentos que, antes, até poderiam ser considerados como diminutos”, garante.
Domingos Amorim é acadêmico de Direito da UFT e descobriu no caminho suave um mecanismo de integração e promoção de qualidade de vida. “O judô me ajudou a controlar minha ansiedade e também a desenvolver meus laços sociais aqui em Palmas. Foi me deixando mais receptivo ao ambiente, não ficando tão fechado e me ajudou a administrar um pouco melhor o meu tempo, criando uma rotina mais estável”, afirma.
O início da jornada e o significado de sensei
Além das competições e combates, o judô envolve pesquisa técnica, prática de kata, trabalho de defesa pessoal, preparo físico e aguçamento do espírito. “A cada ciclo da vida, mudamos o conceito que damos ao judô e, hoje em dia, para mim, busco o equilíbrio mental através dos kata, desenvoltura física através dos randori e, principalmente, é um lugar onde encontro meus amigos”, observa Victor Kasuo.
O sensei, que começou a auxiliar em treinos infantis na faixa roxa, aos 14 anos, teve experiências totalmente diferentes ao iniciar uma turma por conta própria, aos 22 anos. Na ocasião, já faixa preta há 6 anos, teve algumas dificuldades com que lidar. No entanto, foram as reflexões de seu pai, também judoca, faixa preta, que lhe ajudaram em diversas situações.
“Hoje em dia, percebo que mudei muito minha didática e desenvolvi habilidades que antes não tinha. Meu pai foi um grande incentivo para mim, sua técnica era incomparável. Com ele, aprendi a desenvolver um judô suave e técnico. Infelizmente, meu pai faleceu por Covid-19 e, daquele dia em diante, perdi meu principal sensei. Enquanto ele agora pertence aos antepassados, eu dou continuidade ao legado do judô que aprendi, incentivando os mais novos ao caminho”, declara Victor.
No Japão, a palavra sensei significa “aquele que tem algo para ensinar", não se limitando apenas à técnica, mas se estendendo à vida. “Damos a direção aos estudantes. Estamos aqui para servir a sociedade, mudando a vida de cada pessoa que passa por nós. Neste ano, completo 18 anos como faixa preta e tenho enorme prazer em guiar os estudantes e poder fazer parte de suas trajetórias de vida”, conclui o sensei.
As aulas no Instituto Henko
O Instituto Henko é um projeto social, sediado no Câmpus de Palmas, da Universidade Federal do Tocantins (UFT), e integra o programa de extensão UFT em Movimento. Os treinos são realizados no bloco B, sala 11, de segunda a sexta-feira, às 20h:30min.
Ficou interessado na modalidade? Mais informações podem ser obtidas através do número (63) 9103-2821.
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