Evento aborda as dificuldades de ser mãe e a presença no espaço acadêmico
Medo, ansiedade, cansaço e preconceito são alguns dos sentimentos expostos pelas mães que vivem o dilema de múltiplos papeis, e um deles é o de aliar a maternidade com estudo e trabalho. Essa discussão fez parte da Roda de Conversa: “Sou mulher, sou mãe, qual meu espaço na universidade?”, que ocorreu nesta sexta-feira (12), no Câmpus de Miracema da Universidade Federal do Tocantins (UFT), como parte da programação em comemoração ao Dia das Mães.
A acadêmica do curso de Serviço Social, Raíra Raquel dos Santos , 23 anos, viveu em intensidade esses sentimentos, grávida aos 17 anos foi expulsa de casa na época e sofreu preconceito da sociedade. Hoje para estudar na universidade ela teve que deixar sua filha de cinco anos com sua mãe em outra cidade. “A saudade é muito grande, mas se hoje venci todas as minhas dificuldades e estou na universidade é somente por causa dela, pois sei que eu preciso estar aqui por ela”, ressalta emocionada.
Para a professora do curso de Serviço Social, Edna Santos Castro, grávida de oito meses de sua primeira filha, existe muito a questão da romantização da gravidez, do parto, do papel de ser mãe, “ mas a realidade é diferente, porém as pessoas exigem que você exerça suas múltiplas funções com plenitude, mas eu me pergunto, será que a mulher precisa dar conta de tudo mesmo? ”, questiona.
De acordo com a psicóloga e professora do curso de Psicologia, Cristina Vianna, é importante existir essa reflexão sobre os múltiplos papeis das mulheres e os dilemas de conciliação dos estudos, trabalho e a maternidade. “Muito dessas mulheres com filhos que estão na universidade não têm com quem deixar as crianças, porém muitas dessas alunas são interpeladas para que não tragam o filho novamente, ou ela precisa se retirar da sala porque a criança está fazendo barulho, ou os colegas não gostam da distração que o bebê pode ocasionar, então, são exemplos de constrangimentos que ocorrem na vivência cotidiana da mãe acadêmica”, explica.
“É preciso falar dessas questões e a Roda de Conversa foi um momento onde muitas mães puderam se abrir e compartilhar um pouco de suas histórias, pois no espaço acadêmico ainda não temos garantido na assistência estudantil um lugar para que essas mulheres possam deixar os filhos enquanto estão em aula, e muitas vezes não existe uma creche local, nem uma atividade recreativa para as crianças e, em algumas situações, não existe a presença do pai para dar esse suporte a mulher”, destaca Cristina.
A professora ainda ressalta que é comum vermos situações em que jovens iniciam os estudos, engravidam e acabam tendo que deixar por um tempo a universidade para se dedicar ao filho, e depois retornam quando a criança está maior, porém algumas acabam abandonando, outras continuam os estudos mesmo com a grande dificuldade de cuidar de um bebê. “Há uma sobrecarga de dificuldades e isso, consequentemente, tem um lado negativo nos estudos, pois elas não conseguem se dedicar melhor nas atividades que a universidade propõe, e isso gera um descontentamento. São muitos impasses e a Roda veio com essa intenção de entender o que essas mães passam e vivenciam na universidade”, conclui.
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