Eventos nos câmpus da UFT debatem cotas, permanência, protagonismo e cultura indígenas
Debates, rodas de conversas, visita a aldeia, mostra cultural e mesas-redondas em seminários tanto em Palmas quanto em Porto Nacional, movimentaram acadêmicos índios e não-índios nos câmpus da UFT durante o Dia do Índio, lembrado neste 19 de abril. No Câmpus de Arraias, no próximo dia 25, a temática continuará sendo debatida em uma roda de conversa sobre a questão indígena no Brasil - costumes e preconceitos, com uma acadêmica indígena do curso de Educação do Campo.
Em Palmas, o segundo dia do Seminário Desafios Indígenas, promovido pela Pró-reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Comunitários (Proex), teve apresentação de demandas indígenas e diálogos com a gestão da UFT. O Seminário, que abordou os 12 anos de Política de Cotas na UFT, foi um espaço em que os alunos tiveram a oportunidade de apresentar suas experiências e, juntamente com a Universidade, encontrar maneiras de superar os desafios enfrentados por eles, segundo explicou o organizador do evento, professor Adriano Castorino.
Durante a manhã, em mesa composta pelo vice-reitor Bovolato, os pró-reitores Vânia Passos (Prograd) e Raphael Pimenta (Propesq) e o procurador da República Álvaro Manzano, ouviram relatos de participantes indígenas acerca das dificuldades ainda encontradas e relacionadas à permanência na Universidade.
O estudante de Administração, Wagner Katamy Krahô-Kanela, falou sobre os desafios encontrados pelos alunos indígenas no decorrer da vida acadêmica. “Desde a entrada pelo Exame Nacional do Ensino Médio, o aluno indígena já encontra obstáculos, e durante o tempo que estamos na universidade passamos por dificuldades financeiras e falta de apoio”. O estudante também conta que espera que possam ser encontradas formas de apoio para os acadêmicos indígenas. “Esse momento de diálogo é necessário para que possamos obter avanços em relação ao apoio dado pela Universidade para os alunos indígenas, pois estamos longe de nossas aldeias e nossas culturas”, declarou Wagner.
Bovolato frisou, em sua fala, que são relevantes as contribuições apresentadas e que o debate acerca do tema precisa ser permanentemente internalizado, por toda a gestão. Vânia destacou o papel social da Universidade na formação superior também da população indígena e Pimenta anunciou que haverá boas novidades em relação à visibilização das pesquisas em torno das temáticas indígenas, no que concerne à sua pasta. O procurador Manzano destacou que a discussão no evento é importante - quanto ao papel da UFT na formação dos indígenas, o acesso e permanência - enfatizando que a Universidade precisa gerar instrumentos e condições para que os alunos não apenas entrem, mas que possam concluir o Ensino Superior.
Porto Nacional
No Câmpus de Porto Nacional, em outro Seminário organizado por acadêmicos indígenas, os assuntos envolvendo o protagonismo indígena, acesso e permanência na Universidade também foram a tônica das discussões. O evento contou, em sua abertura, com a participação do diretor do Câmpus, George França; o professor Odair Giraldin, professor da UFT doutor em Antropologia pela Unicamp; Ercivaldo Xerente, mestre em Direitos Humanos pela UFG; e o acadêmico de Relações Internacionais (Câmpus de Porto Nacional) e organizador do Seminário, Mairu Kuady.
Além dos debates em mesas-redondas, o Seminário teve também oficinas de línguas e pinturas corporais, apresentações de trabalhos científicos e para o encerramento uma mostra de comidas típicas indígenas.
Miracema
Professores e estudantes do Câmpus de Miracema fizeram uma visita ao Centro de Ensio Médio Indígena Xerente, na cidade vizinha, Tocantinínia, como parte de ações do projeto de extensão "Conhecer para reconhecer: rituais como afirmação sociocultural do povo Akwẽ- Xerente", coordenado pela professora Rosemany Negreiros de Araújo, do curso de Serviço Social. A intenção foi aproximar a comunidade acadêmica da cultura indígena, fortalecendo os estudos e pesquisas voltados para a prática da interculturalidade.
Segundo a vice-diretora do Câmpus, Micheli Burginski, que também participou da visita, os estudantes puderam refletir sobre o processo de abandono de hábitos e costumes culturais. A programação teve encenação de rituais, oficinas de desenhos e pinturas, danças e músicas. Ainda segundo a vice-diretora, o projeto de extensão deverá se tornar uma ação contínua do Câmpus, "com o objetivo de aprofundar laços de cooperação e de solidariedade para com as lutas e resistências do povo indígena", diz.
Gurupi
Em Gurupi, o Diretório Acadêmico do Câmpus, demandado e apoiado por acadêmicos indígenas, promoveu uma mostra de cultura indígena com uma roda de conversa sobre a Diversidade Cultural e os Desafios dos Estudantes Indígenas na UFT. A atividade foi desenvolvida no espaço de uma das cantinas do Câmpus.
Marília Krahô-Kanela, uma das estudantes indígenas do Câmpus de Gurupi, destacou que o evento foi importante para que os acadêmicos não-índios possam perceber a cultura indígena e respeitar mais as diferenças. "Cada povo tem uma característica específica. O que importa, na verdade, não é nossa aparência, mas sim nossa essência". Segundo ela, ainda existe uma imagem estereotipada do indígena, e eventos como esse ajudam a quebrar esse paradigma. Confira mais fotos desta atividade aqui.
Arraias
No Câmpus de Arraias, a professora Noeci Carvalho Messias promove, na próxima terça-feira (25), uma Roda de Conversa com a aluna indígena Vanusa Xerente do curso de Educação do Campo. O debate ocorrerá na aula da disciplina Antropologia Cultura e Turismo do curso de Turismo Patrimonial e Ambiental, e tem como enfoque a questão indígena no Brasil - preconceitos e costumes.
"Conhecer um pouco da cultura, valorizar os costumes tradicionais e respeitar o povo indígena é uma das importantes questões a serem discutidas com a população," destaca Noeci. A Professora acrescenta que esses assuntos devem ser sempre debatidos na sociedade e a universidade é um espaço aberto para essa construção.
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