Ensinar também é aprender. Paulo Freire, um dos grandes expoentes da educação brasileira, afirmava que "ninguém nasce professor ou marcado para ser professor", enfatizando que a formação do educador se dá na prática permanente e na reflexão sobre a própria prática. Neste sábado, 15 de outubro, comemora-se o Dia do Professor. Na Universidade Federal do Tocantins (UFT), existem 1.110 professores, sendo 1.032 efetivos e 78 substitutos, segundo os dados mais atuais da Pró-reitoria de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas (Progedep).
Professora Maria Inez durante aula de Libras, no Câmpus de Arraias (Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal)
No Câmpus da UFT em Arraias, na região Sul do Tocantins, a professora Maria Inez dá aulas de Linguagem de Sinais (Libras) nos cursos de Matemática e Pedagogia. Ela é portadora de perda auditiva profunda e severa de nascença. Maria Inez conta que recebeu influência de sua mãe, pedagoga que trabalhava como coordenadora de uma escola municipal em Goiânia (GO). "Fui professora de Libras em escolas municipais; depois me licenciei em Libras em 2010, indo trabalhar em Tucumã (PA) e depois em Goiânia (GO), sempre como professora de Libras". Em 2015, após uma especialização e passar em concurso, Maria Inez tomou posse como docente no Câmpus de Arraias. Atualmente ela se prepara para o mestrado.
Sua expectativa como docente é contribuir para a capacitação do maior número possível de professores para o ensino de Libras. "Há instituições que recebem alunos surdos sem ter preparo algum para atendê-los. A inclusão está mais para os profissionais destas instituições do que para os próprios alunos", pontua, ressaltando a necessidade da capacitação de mais docentes com visão inclusiva.
Atividade externa do professor Felipe Grangeiro (1º à direita) atrai de crianças a idosos em Tocantinópolis (Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal)
Outro professor de futuros docentes é Felipe Grangeiro, do curso de Educação Física do Câmpus de Tocantinópolis, no Norte do Tocantins. Ele conta que por estar em um curso novo, os desafios são constantes e forçam o professor a ter criatividade. "É preciso gostar do que faz, para superar as falhas que podem ocorrer na estrutura de trabalho e suporte para o ensino", diz. Graduado em em Educação Física e Fisioterapia, Grangeiro diz que trabalhar como docente em Educação Física é gratificante. "Num mundo com crescente apelo para a tecnologia e das respostas rápidas para quase tudo, atuar em um curso que enfatiza a movimentação do corpo, a atenção para o físico, é estimulante; é sair da teoria da sala de aula para a prática, com a atividade física", ressalta.
Grangeiro tem Mestrado em Saúde do Adulto e da Criança e pretende intensificar sua atuação principalmente com o público idoso de Tocantinópolis. "As atividades externas acabam dando visibilidade para o próprio curso, que é novo; por serem gratuitas, essas atividades acabam envolvendo um público muito diverso, da criança ao idoso, o que é muito bom", afirma.
Professor é um profissional
'O professor é um profissional' (Foto: João Batista/Dicom)Rosilene Lagares estuda temas relacionados com a docência desde sua graduação em Pedagogia. Ela diz que o exercício do ensino não é um dom, como comumente se apregoa. "O professor é um profissional, que precisa ter fundamentação política e teórica, além de estar sempre refletindo, continuamente, sobre a própria prática", pontua. Com especialização em Metodologia do Ensino, mestrado e doutorado em Educação, a professora Rosilene diz que a docência é uma via de mão dupla, o docente tanto ensina quanto aprende.
Ela frisa que o ensino superior reveste-se de características próprias, visto que é necessário que se envide esforços para apreender a forma como cada estudante aprende. "É preciso adequar-se para poder sensibilizar (fomentar) que este aluno tenha outros olhares frente aos temas propostos", diz. Para ela, outro aspecto importante é que as aulas sejam em modo dialógico, fomentando a troca de experiências. "Apesar de ser uma troca, uma conversa, o professor precisa dominar o conteúdo específico para poder ensinar", destaca.
Para ela, o momento atual de propostas de mudanças na educação precisa ser bem observado pelos docentes, porque mexe também com a estrutura da educação básica, não só a do ensino médio. Ela pontua que "é preciso que haja respeito ao profissional educador", frisando que apenas ter notório saber não faz da pessoa um professor. "Ele precisa ter amparo teórico, reflexão sobre a própria prática e chancela formal para poder lecionar", defende.
Atividades docentes
Na Universidade Federal do Tocantins, o docente (tanto efetivo quanto temporário) só atua mediante concurso público. Ele pode ser nomeado para regimes de trabalho que variam de 20 horas, 40 horas ou 40 horas com dedicação exclusiva, segundo o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da UFT. Ser professor não somente planejar e dar aula. O docente busca envolver-se com a pesquisa e a extensão universitária, desenvolve atividades curriculares inerentes ao conhecimento que detém e/ou estuda, participa de reuniões de colegiado, colabora na elaboração e/ou atualização dos projetos pedagógicos dos cursos, integra comissões e grupos de trabalho de várias vertentes em seu campo de saber, orienta discentes por meio de tutorias e nos trabalhos de conclusão de curso; e ainda precisa buscar aprimoramento acadêmico e refletir, continuamente, sua prática docente, vivências e interações com os discentes e seus pares de colegiado.
Estas histórias de vida docente e de reflexão da prática do ato de ensinar representam um pouco do universo dos professores da Universidade Federal do Tocantins. Cada docente tem história, olhares, campos de enunciação, sonhos e ideais. Mas todos têm a missão diária de aprender e ensinar, refletindo sobre a própria prática de formar outros profissionais para a sociedade. Parabéns, professor, pelo seu dia!
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